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Uergs em Porto Alegre mostra a força da cooperação entre a Universidade e a comunidade da Lomba do Pinheiro

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Uergs em Porto Alegre está localizada no Bairro Agronomia, próxima à região da Lomba do Pinheiro.
Uergs em Porto Alegre está localizada no Bairro Agronomia, próxima à região da Lomba do Pinheiro. - Foto: Carla Dellagnese/Ascom.

A Uergs, desde sua fundação, tem como missão promover o desenvolvimento de cada uma das regiões que sediam suas unidades. Enquanto Universidade pública, que preza por seu caráter democrático e de valorização da diversidade, atua em diferentes frentes, cumprindo o papel de dar à sociedade o retorno dos investimentos públicos que garantem seu funcionamento e sua constante evolução. 

A Unidade em Porto Alegre, localizada na Zona Leste da Capital – região periférica da cidade – também ilustra esse papel, por meio do contato constante com a comunidade mais próxima. Ao desenvolver uma relação de trocas com os moradores do bairro Lomba do Pinheiro, comunidade situada nos arredores da Unidade, consolidou-se uma rede de cooperação mútua.

Em períodos de crise, como o que a humanidade enfrenta hoje, as pessoas em situação de vulnerabilidade social são as mais afetadas, e a existência de uma relação como a que a Uergs mantém com a comunidade da Lomba do Pinheiro tem se mostrado um importante reforço para o enfrentamento desses cenários.  

Nas últimas semanas, com a pandemia causada pela Covid-19, os esforços para auxiliar tanto a comunidade acadêmica quanto a comunidade externa à Universidade têm se concentrado na arrecadação de alimentos para doação às pessoas que estão sendo mais impactadas neste momento. Maister da Silva, que é estudante do curso de Administração da Universidade e morador da Lomba do Pinheiro,  participa ativamente das ações da Uergs. Ele  conta que, por meio de uma parceria entre os agentes de saúde do posto Vila Esmeralda, o mais próximo da Unidade, estão sendo identificadas as famílias que enfrentam maiores dificuldades financeiras neste momento, para que a Universidade possa auxiliá-las. 

“Estamos priorizando as mulheres chefes de família, que são domésticas. Nesse período [elas] não estão conseguindo trabalhar e recebem o salário pela metade, ou as vezes nem recebem. Quando não são demitidas. Esta tem sido nossa prioridade”, afirma.

A ajuda tem sido prestada também a estudantes da Universidade. Docentes e voluntários envolvidos na ação procuram identificar os estudantes que enfrentam dificuldades, para que possam  ser auxiliados.

 

Laços construídos com o tempo

Essa relação de proximidade e confiança que professores e alunos mantém com os moradores hoje é o resultado de um processo que há tempos vem sendo construído. A professora e diretora do Campus Regional I da Uergs, Adriana Abreu, salienta que os esforços da Unidade em cooperar com a região começaram antes da pandemia e “não irão acabar com a pandemia. São permanentes e continuarão em uma via de mão dupla”.  Adriana afirma que quando a Universidade olha para a comunidade, a comunidade também olha para a Universidade, e isso independe do contexto em que se vive.

No ano passado, as ações de solidariedade da Uergs com a Lomba do Pinheiro se intensificaram. Isso ocorreu no período em que Porto Alegre se deparou com a decisão do Supremo Tribunal Federal de manter a determinação do TJ/RS que declarou o Instituto Municipal de Estratégias de Saúde da Família (Imesf) inconstitucional, o que resultou na demissão e realocação de agentes de saúde da capital. A Unidade de Pronto Atendimento do bairro foi uma das afetadas pela decisão.

Atuando como facilitadora de encontros, a Universidade organizou uma conferência para debater a decisão do STF. Convidou juízes, representantes da comunidade e os próprios agentes de saúde para conversar e orientar a comunidade sobre as medidas que poderiam ser tomadas. Em um evento que lotou o auditório, elos de cooperação foram fortalecidos.

Universidade Pública que se faz presente

Outra ação da Uergs junto à comunidade da Lomba do Pinheiro foi o apoio dado à Unidade de Triagem e Compostagem (UTC) do bairro - a maior cooperativa de recicladores de Porto Alegre, que provê a renda de mais de 80 pessoas associadas -  num período em que o contrato da UTC com a Prefeitura foi suspenso, em março de 2019. Até que fosse celebrado um novo acordo entre a Prefeitura e a UTC, as famílias que dependiam da Unidade de Treiagem ficaram sem renda.

Graziela Alves, uma das coordenadoras da UTC, conta que a cooperativa é formada por pessoas cuja renda familiar depende exclusivamente do valor que ganham com a reciclagem no local. "Temos associadas aqui que têm nove filhos em casa, e essa é a única renda delas. Mães solteiras que não ganham pensão, não ganham nada", relata. 

Com o fim do contrato com a Prefeitura, não demorou para que a falta de alimento se tornasse um problema. Ao saber da situação daquelas pessoas, a Uergs se mobilizou e promoveu uma campanha de solidariedade entre professores, alunos e a própria comunidade, conseguindo arrecadar mais de uma tonelada de alimentos para as famílias do local.

Maister, que também se engajou na iniciativa, fala da alegria de ver a aproximação da Universidade com a UTC, em uma parceria que segue até hoje. “Foi bem legal. E, para além disso, acabou se construindo uma relação de amizade entre as trabalhadoras da UTC e a Universidade. E a gente mantém uma relação muito próxima”, afirma.

Hoje, durante a pandemia, Graziela conta que elas têm recebido da Universidade e de outras frentes doações de sabonetes, máscaras e álcool em gel, o que tem colaborado para a manutenção dos cuidados com a higiene. Ela afirma ainda que, além do apoio material recebido, a presença da Uergs no local também se tornou um motivador para as pessoas que constituem a UTC. A recicladora fala que lá há pessoas com Ensino Médio completo, que realizam as provas do Enem, mas que não sabem para que serve ou como seria estar em uma universidade. “Muita gente daqui agora quer voltar a estudar, quer cursar uma universidade. Ainda mais pública”, relata Graziela.

Maister destaca o impacto positivo da Universidade na vida das pessoas. “A comunidade precisa saber que nós temos uma universidade que todos podem ter acesso. Aliás, é uma Universidade muito democrática, porque  nós temos 60% das vagas destinadas a cotistas. [...] Se a gente conseguir integrar cada vez mais a Uergs com a comunidade nós vamos sair dali com algum projeto de desenvolvimento social, e até de desenvolvimento econômico. Com um trabalho de formação para além da academia, podemos ajudar a formar muitas outras pessoas”, afirma.

Quem faz Uergs Faz Mais por sua comunidade

Horta Comunitária construída com a participação da comunidade.
Horta Comunitária construída com a participação da comunidade.
São muitas ações que a Uergs em Porto Alegre tem realizado junto à comunidade de sua região, desde a realização de feiras que constituem um espaço para que produtores e artesãos locais possam vender seus produtos, até à construção de uma horta orgânica dentro do campus, onde os moradores trocam mudas por verduras, legumes e produtos saudáveis e de qualidade. 

A professora Adriana reforça a importância de a Universidade se colocar dentro das comunidades, relacionando-se com a população da região. “A urgência e a importância dessas ações comprovam e confirmam o papel da Universidade enquanto propulsora do desenvolvimento da região, do território onde ela está localizada. E também da vida das pessoas, que muitas vezes as políticas públicas governamentais não chegam.”

Maister salienta que a solidariedade promovida pela Uergs e por movimentos sociais é muito importante, mas também são necessárias políticas públicas, capazes de ajudar todas as pessoas que passam por dificuldades ligadas às desigualdades sociais. “É importante sempre  pensar o papel do poder público nestas ações”, finaliza. 

Texto: Émerson Santos

Edição: Daiane de Carvalho Madruga

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