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Professoras e estudante da Uergs recebem homenagem alusiva ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

Entrega da Medalha Preta Roza pela deputada Laura Sito celebra o ativismo de mulheres negras no Rio Grande do Sul.

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Quatro pessoas estão alinhadas, sorrindo para a câmera em um ambiente interno com paredes de madeira. Ao centro, as professoras negras Percila de Almeida (à esquerda) e Marta Nunes (à direita) seguram certificados de homenagem e vasos com orquídeas embaladas em papel verde. Percila usa um vestido preto com estampa de flores grandes nas cores amarela, branca e vermelha, e tranças longas; Marta veste um vestido listrado verticalmente em tons vivos. À esquerda, uma mulher branca com óculos grandes e roupa em tons terrosos sorri e apoia a mão no ombro de Percila. À direita, um homem branco de cabelo grisalho e óculos apoia a mão nas costas de Marta.
Representantes da Reitoria da Uergs prestigiaram as homenageadas.

Atualizada em 25/07/25 às 10h33.

As professoras da Uergs Marta Regina Nunes e Percila de Almeida, e a estudante Joelita David, foram homenageadas com a medalha Preta Roza nesta quarta-feira (23/07). A honraria foi idealizada pela deputada Laura Sito (PT) e homenageia mais de 300 mulheres negras de cerca de 50 cidades do Rio Grande do Sul. A entrega das medalhas ocorreu no Auditório do Ministério Público do Rio Grande do Sul. O evento integra o Julho das Pretas, agenda nacional de mobilização em torno do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho.

A premiação propõe uma reparação simbólica e política para celebrar a força, a inteligência e a competência de mulheres que movimentam as estruturas sociais a partir de seus territórios, com atuação em áreas como política, cultura, segurança pública, academia, educação, saúde e trabalho social.

O nome da medalha homenageia uma figura real da história do Rio Grande do Sul. Preta Roza foi uma mulher negra escravizada e guerreira do quilombo de Manoel Padeiro, na década de 1830. Atuava como combatente armada e estrategista, chegando a se vestir como homem para circular entre espaços de poder e obter informações valiosas. Comparada à Rainha Jinga de Angola, foi morta em combate no dia 16 de junho de 1835 e se tornou símbolo da resistência negra e feminina.

De acordo com Laura Sito, essa homenagem é uma afirmação política de que as mulheres negras estão no centro das transformações sociais, mesmo quando o poder tradicional tenta apagar essas histórias. “Preta Roza é símbolo da insurgência negra no sul do Brasil, mas também espelho de tantas mulheres que hoje resistem, criam caminhos, cuidam de suas comunidades e constroem o futuro”, afirma a parlamentar.

Duas mulheres negras estão em pé, sorrindo, posando para a foto em um auditório. Ambas usam óculos e estão com as mãos entrelaçadas. À esquerda, a deputada Laura Sito veste camisa branca, gravata amarela estampada e saia cinza. À direita, a professora Percila Almeida segura um certificado e uma medalha recebidos em homenagem. Ela veste um vestido preto com estampa colorida de flores grandes em vermelho, amarelo e branco. Ao fundo, um banner com grafismos circulares coloridos traz os dizeres: “Medalha Preta Roza – A heroína preta do RS – Laura Sito”.
Da direita para a esquerda, Laura Sito e Percila Almeida.

Para Percila Almeida, docente e pró-reitora de Ensino da Uergs, receber a Medalha Preta Roza foi um dos momentos mais emocionantes e simbólicos da sua trajetória. “Não apenas pelo reconhecimento público — que, por si só, já carrega grande força — mas, sobretudo, pelo que essa honraria representa: a memória, a luta e a potência das mulheres negras que vieram antes de nós e que abriram caminhos com coragem e resistência”, disse.

“Ao segurar essa medalha nas mãos, senti o peso de uma história coletiva. Uma história que não começou comigo, mas que me atravessa profundamente. É o reconhecimento de um compromisso político, ético e pedagógico com a equidade racial, com a valorização das identidades negras, com a educação como ferramenta de transformação e com a construção de uma sociedade onde possamos viver com dignidade, liberdade e justiça. Meu mais profundo agradecimento à deputada Laura Sito e ao seu mandato, por fazer da política um espaço de memória, reparação e esperança”, afirma Percila.

Duas mulheres negras estão em pé, sorrindo e posando para a foto em um em um auditório. À esquerda está a deputada Laura Sito, com cabelo cacheado solto, óculos redondos pretos, camisa branca, gravata amarela estampada e saia cinza. Ela segura uma medalha e um certificado com a mulher à sua direita. À direita, a professora Marta Nunes veste um vestido listrado em cores vivas (vermelho, verde, rosa e amarelo) e colar dourado. Ambas seguram o certificado de reconhecimento concedido à professora, com a identidade visual da “Medalha Preta Roza”. Ao fundo, há cadeiras de plenário, madeira revestindo a parede e um banner decorado com mandalas coloridas e os dizeres: “Medalha Preta Roza – A heroína preta do RS – Laura Sito”.
Da direita para a esquerda, Laura Sito e Marta Regina Nunes.

Marta Regina é docente da Uergs nas unidades em Encantado e Santa Cruz do Sul e integra grupos de trabalho da Universidade ligados a temas como Heteroidentificação e Estudos Afro-Abrasileiros e Indígenas. Além disso, há mais de duas décadas está envolvida no ativismo negro.

“Fiquei muito feliz pela lembrança da equipe da deputada Laura Sito e também por encontrar tantas mulheres potentes e com trajetórias de vida e ações potentes e significativas. A valorização de trajetórias de mulheres negras é importante em qualquer tempo, mas ela ganha novos contornos em julho, mês da Mulher Negra, uma época destinada a ações e eventos que remetem ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Também é importante mencionar que a homenagem teve abrangência estadual, com mulheres de todos os lugares e atuações se encontrando para este momento único. Foi muito lindo!”, celebra Marta Regina.

Joelita David.
Joelita David.

A estudante quilombola Joelita David, do curso de Bacharelado em Agroecologia da Uergs em Santa Cruz do Sul, também está entre os nomes reconhecidos pela medalha Preta Roza, mas não pôde estar presente no evento, pois na mesma data participou do 3º Encontro das Mulheres Quilombolas do Rio Grande do Sul.

“Foi um orgulho muito grande ser convidada para receber a Medalha Preta Roza.  Só de saber a história já dá um orgulho e ser convidada a receber a medalha [é motivo de] muita gratidão. Nada de nós sem nós”, declarou Joelita.

Participaram do evento o reitor da Uergs, Leonardo Beroldt, e a vice-reitora e Superintendente de Planejamento, Rochele Santaiana, além de parte da equipe da Pró-Reitoria de Ensino (Proens), da Superintendência de Planejamento (Suplan) e da Assessoria de Comunicação (Ascom).

Conheça a trajetória das professoras homenageadas da Uergs

Percila Almeida ingressou na Uergs em 2010 como professora temporária do curso de Pedagogia na Uergs em Alegrete. Em 2014, passou a compor o quadro de docentes efetivos da Uergs, lotada na Unidade em São Luiz Gonzaga, onde atuou como coordenadora do curso de Pedagogia e como coordenadora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid).

De 2018 a 2022, Percila atuou como coordenadora de Qualificação Acadêmica na Uergs, um setor vinculado à Pró-Reitoria de Ensino da Universidade. Ao final desse período, também organizou e presidiu a Comissão responsável pela construção da Política Institucional de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade da Uergs.

Entre 2021 e 2023, Percila coordenou o Curso de Especialização em Gestão Escolar, ofertado em parceria com a Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul (Seduc/RS), que resultou na formação de mais de cinco mil diretores(as) e vice-diretores(as) das escolas da rede pública estadual.

Em 2024, Percila assumiu o cargo de Pró-Reitora de Ensino da Uergs.

Marta Regina Nunes atuou na Uergs de 2005 a 2008 como professora contratada temporariamente para o curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia. Em 2013, retornou à Universidade como professora adjunta do curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Unidade em Encantado. 

Atualmente, Marta Regina está vinculada aos cursos de graduação e ao Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia de Alimentos, da Unidade em Encantado, e coordena a Especialização em Tecnologias Sustentáveis para o Meio Ambiente e a Agricultura, na Unidade em Santa Cruz do Sul. Como pesquisadora, desenvolve estudos sobre: reaproveitamento de resíduos agroindustriais, alimentos funcionais, compostos bioativos e microalgas.

Além disso, Marta coordena projetos de Extensão Universitária e uma Incubadora Tecno-Social ligadas aos temas de Alimentos e Segurança Alimentar. Também integra a Comissão de Recursos de Heteroidentificação da Uergs e o Grupo de Trabalho para a criação do Núcleo de Estudos Afro-Abrasileiros e Indígenas (Neabi) da Universidade.

Marta Regina atua há mais de 20 anos em ações ligadas à valorização da cultura afro-brasileira, no ativismo negro, cultural e feminista.

Joelita Bitencourt é quilombola remanescente de pessoas escravizadas. Natural do território de Arroio das Pedras, no interior do município de Rio Pardo, Joelita é mãe, avó e agricultora orgânica agroecológica certificada pela Rede Ecovida.

Ela preside o grupo de mulheres quilombolas Unidas na Luta e, pelo segundo mandato consecutivo, preside a Associação Comunitária Quilombola Jacinta Souza, do Quilombo Rincão dos Negros de Rio Pardo. Além disso, integra o Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor, a Associação de Municípios do Vale do Rio Pardo e os conselhos municipais da Saúde, da Mulher, da Assistência Social, e da Saúde do(a) Trabalhador(a), em Rio Pardo. 

Joelita será delegada na Conferência Nacional da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, que acontecerá em Brasília no mês de agosto. 


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